Presidente do partido é bispo da igreja e membro do Conselho de Bispos, órgão máximo da entidade que dita rumos políticos da sigla.
Quarto deputado federal mais votado do Rio de Janeiro, com 157.580 votos, o presidente do PRB e bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Vítor Paulo dos Santos, conseguiu, com discrição e o apoio da igreja, eleger nove parlamentares do partido para a Câmara, em comparação a um em 2006. Em parte, a vitória é fruto de uma estratégia adotada em 2009, de reunir no PRB políticos da Universal, antes espalhados por muitos partidos.
Vitor Paulo é o coordenador político da Universal e integrante do seu órgão máximo, o Conselho de Bispos, desde a destituição do ex-deputado federal e ex-bispo Carlos Rodrigues, por envolvimento com o caso Waldomiro Diniz, em 2004. Membro da Universal há 21 anos, ele preside desde junho de 2006 o PRB, braço político da Iurd e sigla do vice-presidente da República, José Alencar.
Na prática, o PRB é controlado pela igreja, embora o assunto seja um tabu e o presidente e seus integrantes neguem e evitem abordar o tema. Foi bom para os dois lados: dos nove deputados eleitos pelo PRB, sete são da Universal – antes a igreja tinha quatro cadeiras na Casa. A sede operacional do partido no Rio fica na Rede Record, empresa de comunicação da Iurd – embora o endereço registrado oficialmente seja outro. Vitor Paulo disse ao iG, por e-mail, não saber quantos dos deputados eleitos pelo PRB são evangélicos. Além dos sete membros da Universal, um dos eleitos é da Assembleia de Deus.
É o Conselho de Bispos que dá as diretrizes para o partido. Graças aos fiéis da Universal, o PRB multiplicou seus 3.295 filiados, em 2006, para 122 mil filiados no fim de 2008. Para Vitor Paulo, porém, não se pode imputar o crescimento à Universal. Segundo ele, isso se deve à “força da mulher brasileira”, à organização do partido e ao nome do vice-presidente José Alencar, “que estimula, e muito, a filiação”. “Nosso slogan é ‘o partido do Zé Alencar’”, escreveu, no e-mail. “O PRB, como o Brasil, é um partido laico”.
A igreja se manifesta politicamente através do PRB, orientado pelo Conselho de Bispos. Vitor Paulo é fiel ao órgão e tem pouca autonomia, de acordo com duas pessoas próximas. Apesar disso, respondeu com ironia sobre eventual influência do órgão na política da sigla. “Qual Conselho de Bispos? O partido não está ligado a nenhuma instituição religiosa. Repito, o partido é laico.” Vítor Paulo divide o tempo entre o Rio e Brasília, onde dirigiu a filial da Record, e não gosta de aparecer. Só aceitou conceder entrevista ao iG por e-mail e, em diversas respostas, desvincula a igreja do PRB e evita responder a questionamentos sobre a Universal. Diz responder somente pelo PRB. “Não tenho procuração da Igreja Universal para falar por ela”.
Perda de força
Apesar do crescimento do PRB na eleição, a Universal perdeu força política após o envolvimento de parlamentares em escândalos como o Sanguessuga e o Mensalão. Em 2002, a igreja tinha 22 deputados, em diversos partidos, sob a coordenação política de Carlos Rodrigues. Desarticulada, sem Rodrigues – que renunciou em 2005 – e após uma série de escândalos, emplacou apenas quatro na Câmara em 2006. No Rio, onde foi fundada a Universal, a lista caiu de dez estaduais, em 2002, para dois, em 2010. Prestigiado junto aos bispos da Universal, Vitor Paulo dos Santos tem rivalidade velada com Marcelo Crivella, senador do partido pelo Rio de Janeiro e sobrinho do fundador e líder máximo da Universal, Edir Macedo.
Apesar do crescimento do PRB na eleição, a Universal perdeu força política após o envolvimento de parlamentares em escândalos como o Sanguessuga e o Mensalão. Em 2002, a igreja tinha 22 deputados, em diversos partidos, sob a coordenação política de Carlos Rodrigues. Desarticulada, sem Rodrigues – que renunciou em 2005 – e após uma série de escândalos, emplacou apenas quatro na Câmara em 2006. No Rio, onde foi fundada a Universal, a lista caiu de dez estaduais, em 2002, para dois, em 2010. Prestigiado junto aos bispos da Universal, Vitor Paulo dos Santos tem rivalidade velada com Marcelo Crivella, senador do partido pelo Rio de Janeiro e sobrinho do fundador e líder máximo da Universal, Edir Macedo.
O presidente do PRB é a voz do Conselho de Bispos, que vê em Crivella, por vezes, independência exagerada devido aos laços de parentesco com Macedo. O conselho, assim, por meio de Vitor Paulo, já desautorizou acordos políticos feitos por Crivella em nome da igreja. Na campanha deste ano, quando Crivella disputava a reeleição, o presidente do PRB pouco se esforçou para ajudar seu congressista e só embarcou nos últimos dias, quando havia risco de perder o mandato. “Isso é uma inverdade. Tenho pelo Senador Crivella grande admiração e respeito. Trabalhamos muito pela sua reeleição. Somos grandes amigos.”
Fonte: Último Segundo
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